Girl Power e a Política


Girl Power e a Política

"As mulheres não são tão fortes até o momento em que são derrotadas." Frase de Alexandre Dumas na matéria da revista Time americana de janeiro de 2018.

A capa da revista estampa as caras de figuras femininas que representam uma resposta à onda Trump. O título: "The Avengers", algo entre vingadoras e justiceiras? A matéria começa assim:

Um ano atrás, milhões de mulheres protestaram nas ruas. Agora, mais do que nunca, há mais mulheres concorrendo a um cargo político. Conheça as candidatas.

Desde o fenômeno Trump, a Emily's List (que treina mulheres candidatas) diz que a procura aumentou 350%. Foram 41 em 2016 e já são mais de 900 até agora — o que fez com que o escritório tivesse que contratar mais gente e ampliar o seu espaço físico.

Janeiro de 2017, quando Trump foi eleito (Women’s March) — foto Getty Images

Elas são médicas, decoradoras, militares, professoras, consultoras, ativistas. Vem de todas as áreas e todos os lados. Segundo a matéria, ainda é cedo para tentar prever o quanto esse movimento vai mudar a cara de Washington. Mas fora do espaço institucional, a movimentação começou. Elas passaram por um processo: em 2016 eram meras eleitoras e contavam com seu voto para mudar as coisas. Em 2017, foram às ruas. Em 2018 elas querem se candidatar. Uma característica forte levantada pela revista é que essa ebulição se dá no campo Democrata — lembrando que nos EUA as eleições são praticamente binárias, disputadas pelos Republicanos (a la Trump) e Democratas (a la Obama).

Muito legal a lista de movimentos grassroots que eles publicaram (serve de inspiração pra gente):

Run for Something

Movimento que começou logo após Trump ser eleito (a galera é rápida lá nos Estados Unidos).

São um comitê político dedicado a ajudar jovens a se candidatarem, trabalhando as barreiras de entrada. Desde o início, foi um sucesso, com pessoas que haviam trabalhado nas campanhas do Obama, Clinton e Bernie Senders se dispondo a ajudar. Dos candidatos apoiados em 2017, 51% foram mulheres. E a fundadora do movimento, Amanda Litman, é uma mulher.

Swing Left

Um movimento focado nos distritos chamados de "Swing Districts", aqueles onde o vencedor de uma cadeira no congresso americano ganhou por uma pequena margem. A maioria das ativistas do movimento são mulheres: 68%.

Foto de janeiro de 2018, publicada no The Atlantic

Women's March

O movimento que deu gás às mulheres não para. Esse ano o foco são as eleições para o Congresso deles (the House of Representatives), e o movimento é pelas mesmas causas: primeiramente, contra Trump. Direitos das mulheres, saúde, diversidade, igualdade e inclusão. Foram mais de 200 protestos e a onde deve esquentar até as eleições que acontecem em novembro.

Foto de matéria na revista The Atlantic

No Brasil também tem muita coisa acontecendo. Talvez ainda não com esses números e essa organização. Mas impossível não olhar para o sucesso que foi Áurea Carolina (eleita num processo lindamente coletivo feito pelo Muitxs) — nada menos que a candidata (entre homens e mulheres) que alcançou a maior votação na Câmara Municipal da capital mineira das últimas três eleições. Taí o vídeo da campanha dela. Há um ano no cargo, a inovação tem vindo no formato do seu mandato, que continua coletivo — junto com outra vereadora eleita pelo PSOL, quebraram simbolicamente as paredes, criando a "Gabinetona" e governam juntas.

2018 está aí. Ainda vamos ser notícia. Aliás, três dias atrás o estrategista do Trump (já demitido do cargo) declarou que "a queda do Trump virá da luta contra o patriarcado", muito bem representado pelo senhor presidente dos Estados Unidos. Alguma semelhança com o Brasil?

"Women are going to take charge of society. And they could not juxtapose a better villain than Trump. He is the patriarch." Steve Bannon